Quem
nunca viu um cão correr atrás do rabo? Pois é, quase todos nós já
observamos nosso amigo se divertindo girando em parafusos para alcançar
sua calda... Porém, quando este comportamento ocorre em demasiada
frequência devemos prestar atenção e nos perguntar se o cão não está
desenvolvendo uma compulsão. Para entendermos distúrbios dessa ordem é
necessário que tenhamos em mente como podemos classificar um
comportamento como compulsivo.
O que é compulsão?
Uma boa definição é: um comportamento repetitivo, constante e que não
tem como finalidade algum propósito aparente. O surgimento desses
distúrbios, normalmente, ocorre quando o animal entra em situações de
estresse, conflito, frustração, ansiedade ou falta de escapes
apropriados para exibirem comportamentos normais da espécie. Quando
estes fatores se combinam com o tempo e uma predisposição genética do
animal, ocorre a compulsão.
O que fazer?
Primeiramente devemos identificar as situações iniciais (de estresse,
conflito ou ansiedade) que dão origem à perseguição do rabo. Evitar
essas situações ou torná-las agradáveis, por meio de treinamento, já é
um ótimo começo.
Visto que o animal com comportamento compulsivo tem uma predisposição a
esse distúrbio, devemos avaliar se é interessante bloquear ou não o
comportamento, já que o cão pode encontrar outra válvula de escape
(outra compulsão) pior do que ele já vem apresentando. Logo, devemos
inicialmente considerar os casos em que os comportamentos podem
prejudicar a saúde do animal ou aqueles que são suficientemente
irritantes para o convívio.
Uma das formas de tratamento consiste em promover diversas e variadas
formas de exercício e interação social que, além de diminuírem a
ansiedade, promoverem cansaço físico e equilibram a química do cérebro.
Uma modificação ambiental também pode ser de extrema importância,
fazendo com que o animal gaste seu tempo interagindo de maneira
adequada, próximo ao que seria natural. Em zoológicos, por exemplo, os
tratadores dificultam a obtenção de comida (congelando, escondendo, etc)
fazendo com que os animais ocupem mais parte de seu tempo com essa
tarefa, já que são privados da caça ou do tempo que despenderiam para se
alimentar em vida livre. No caso de cães, podemos esconder petiscos
pela casa a fim de estimular a investigação e exploração, ou então
fornecer sua refeição dentro de uma garrafa PET com furos, para que
trabalhe para retirar os grãos de ração de dentro.
Para interromper o comportamento compulsivo podemos utilizar broncas que
não estão associadas à atenção do dono (punições verbais e físicas não
são aceitas!). Um susto chacoalhando uma lata cheia de moedas ou uma
borrifada de spray de água, normalmente, se mostram eficientes. Caso o
comportamento não ocorra novamente em situação semelhante, devemos
recompensar o cão por estar calmo, dando bastante carinho e petiscos.
Terapia com medicamentos que regulam o equilíbrio de neurotransmissores
no cérebro também são muito úteis, pois modulam uma resposta do animal
frente a um estímulo, como por exemplo, quando algo que causa estresse e
ansiedade passa a ser tolerável após a terapia, ou uma bronca que não
interrompe o comportamento pode passar a interromper. Por isso, não
deixe de consultar também um veterinário de sua confiança.
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Texto: Daniel Svevo (Consultor de Comportamento da Equipe Cão Cidadão)
Revisão e Edição Final: Alex Candido
Fonte: http://noticias.r7.com/blogs/dr-pet/tag/correr-atras-do-rabo/Revisão e Edição Final: Alex Candido
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